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Guará: A Terra das Praças Fantasmas e da Piada Pronta

Enquanto as praças do Guará estão sucateadas e abandonadas a Administração inventa a criação de mais uma praça. É brincadeira?


Por Henrique Machado

Boa parte das cidades civilizadas do mundo trata praças públicas como espaços de convivência, lazer e dignidade urbana, no Guará estamos vivendo uma experiência única: a transformação sistemática de praças em lixões decorativos. Um verdadeiro laboratório de abandono urbano, digno de estudo por qualquer universidade interessada em políticas públicas fracassadas.

A maioria das praças do Guará não está apenas em mau estado — está em colapso. E não se trata de uma ou outra praça isolada. É um padrão. Um estilo de gestão, quase uma assinatura da atual Administração Regional: deixar as praças apodrecerem ao ar livre, sem manutenção, sem limpeza, sem segurança, sem vergonha na cara.

Quadras Poliesportivas ou Ruínas Romanas?

Vamos começar pelas quadras poliesportivas, essas que deveriam ser espaços de incentivo ao esporte e à convivência. O que encontramos nelas hoje são verdadeiras instalações de terror urbano: traves enferrujadas, alambrados caindo aos pedaços (quando existem), pisos rachados, pintura desbotada, e um clima de “aqui já passou um furacão”. Daria até para montar um circuito de obstáculos para treinamento de forças especiais — se alguém sobrevivesse.

Praticar esportes nesses espaços virou um ato de coragem, quase uma prova de resistência. Isso se a praça não tiver sido completamente tomada pelo mato e pelos entulhos, o que é cada vez mais comum.

Namoradeiras do Guará: Risco de Amor com Tétano

E os bancos? Sim, os poucos bancos que restaram! Aqueles que não foram arrancados ou saqueados estão lá, apodrecendo lentamente, enferrujando debaixo do sol e da chuva, esperando o próximo desavisado que queira sentar e sair com a calça rasgada ou uma bela infecção. As famosas “namoradeiras”, antes símbolo de encontros tranquilos, agora são metáforas ambulantes do descaso: corrompidas, partidas, sujas, perigosas.

Parquinhos Infantis: O Pesadelo das Crianças

Os parquinhos, então, são um espetáculo à parte. Um verdadeiro “Parque dos Horrores” a céu aberto. Escorregadores que não escorregam mais, pois o ferrugem grudou; gangorras quebradas que já não balançam, e estruturas de madeira que mais parecem armadilhas para torções e ferimentos. Brincar, ali, só se for de sobrevivência.

As famílias que ousam visitar esses parquinhos precisam fazer antes um treino no SUS, porque o risco é real. E ainda há quem diga que a praça é lugar de saúde e infância feliz. No Guará, só se for infância em modo hardcore.

Mato Alto, Árvores Gigantes e a Escuridão Total

O mato, claro, é presença garantida. Cresce com força, cobre equipamentos, invade os caminhos e transforma canteiros em selvas urbanas. Árvores sem poda se estendem como braços zumbis, engolindo a já precária iluminação pública. Isso quando há iluminação! Porque em boa parte das praças reina a mais profunda escuridão, abrindo espaço para outra função social que as praças guaraenses parecem cumprir com eficiência: abrigo para o tráfico de drogas e para moradores em situação de rua, muitos em extrema vulnerabilidade e dependência química.

É triste, é perigoso, é desumano. Mas o poder público finge que não vê — ou, pior, vê e não se importa.

Pra Que Cuidar, se Podemos Criar Mais Uma Praça?

E é nesse cenário distópico que a Administração Regional do Guará tem uma ideia digna de aplausos (irônicos, claro): construir mais uma praça! Sim, porque nada expressa melhor a incompetência administrativa do que multiplicar o que já está abandonado.

A nova praça será ao lado da Feira do Guará e da própria Administração Regional, onde até pouco tempo havia quiosques abandonados. Agora, no lugar dos quiosques, uma linda maquete de praça será apresentada com pompa. Vão inaugurar com faixa, fotos, discurso e sorriso no rosto, fingindo que está tudo lindo. E quando a poeira da inauguração baixar... adivinha? Vai virar mais um elefante branco. Ou melhor: mais uma “piada pronta” que em três meses já estará tão esquecida quanto as outras.

Porque é disso que o Guará virou sinônimo: a terra da Piada Pronta. Faz-se a obra, posta-se no Instagram, corta-se a fita — e depois se abandona como todo o resto.

Guará Merece Mais que Memes e Maquetes

Os moradores do Guará não são idiotas. Sabem muito bem o que está acontecendo. Sabem que estão sendo enganados com maquiagem de gestão, com publicidade institucional disfarçada de eficiência. O que o povo quer é praça funcionando, não praça de enfeite. Quer lugar para sentar com segurança, deixar o filho brincar sem medo de um prego enferrujado, jogar bola sem cair num buraco, caminhar sem ser assaltado ou tropeçar no matagal.

A pergunta que fica é: até quando o Guará vai ser tratado como cenário de propaganda política ao invés de ser uma cidade viva, cuidada e respeitada?

E para a Administração Regional, deixamos a sugestão: antes de planejar a próxima maquete, que tal sair da sala com ar-condicionado e visitar as praças reais, aquelas do chão rachado? Quem sabe assim, ao vivo, sintam um pouco da vergonha que já deveria ter chegado há muito tempo.




Comentários

  1. Disse tudo. O Guará não precisa de Photoshop, precisa de respeito e manutenção de verdade. 👏✨

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  2. PPerfeito: chega de propaganda, queremos praça de verdade, sem maquiagem e sem descaso. 👊

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  3. falar é fácil, cuidar de verdade é que tá difícil. O Guará merece respeito, não cenário de campanha. 👀🗣️

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  4. Dulce Maria14/6/25 19:59

    O Guara não quer pose pra foto, quer praça decente e segurança de verdade. 📸🚫✅

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