Grupo de inadimplentes funda nova associação com apenas 16% dos permissionários e autorizatários
Na manhã desta segunda-feira (2), o Auditório da Administração Regional do Guará foi palco de mais um capítulo do que já pode ser chamado de "Show de Horrores" patrocinado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) na tradicional Feira do Guará. Com ares de farsa institucional, foi fundada a Associação dos Feirantes da Feira do Guará (ASFEG) — uma nova entidade criada por um grupo de opositores à atual gestão da feira, representada pela Associação dos Feirantes da Feira do Guará (Ascofeg), com aprovação de estatuto e eleição de diretoria a portas fechadas.
Apesar de haver 645 boxes ativos na feira, apenas 109 feirantes participaram da assembleia, o que representa míseros 16% do total de permissionários e autorizatários. O número só superou a última tentativa fracassada — em 19 de maio — graças a uma estratégia de coerção que espalhou entre os trabalhadores o boato de que apenas quem participasse da fundação teria acesso ou regularização das permissões. Vários feirantes denunciaram, sob anonimato, o medo de represálias e a ameaça velada de perda das permissões, caso não estivessem presentes. Uma conduta que atenta contra os princípios democráticos e associativos mais básicos.
A assembleia ainda limitou a participação apenas aos nomes constantes de uma lista pré-selecionada com 409 feirantes, excluindo parte legítima da comunidade feirante e violando o direito à ampla participação. O Comitê Gestor da Feira, formado irregularmente pela Secretaria das Cidades (SECID), não compareceu à reunião — mais uma evidência do esvaziamento institucional do processo.
A condução da assembléia ficou a cargo de Rosevelth Lima de Freitas — presidente da Comissão Eleitoral, do Comitê Gestor e também advogada da Asperfeg. Três cargos, um conflito de interesses escancarado.
Mais gastos, menos legitimidade
Outro escândalo foi a aprovação de um estatuto que prevê aumento significativo das despesas com a criação de um novo cargo remunerado na diretoria executiva e pagamento para todo o conselho fiscal. A Ascofeg, entidade histórica da feira, atualmente remunera apenas presidente e tesoureiro. A nova política de gastos da ASFEG é, no mínimo, imoral, principalmente vinda de um grupo que alega ter como prioridade sanar as dívidas da feira.
Vale destacar que a ASFEG nasce do núcleo da Asperfeg, associação composta majoritariamente por integrantes derrotados nas eleições de 2023 para a Ascofeg. Grupo esse que em grande parte é composto por permissonários que somam mais de R$ 180 mil em dívidas com a própria feira.
Ausência do Comitê Gestor e blindagem institucional
Os representantes da Secretaria das Cidades (SECID) e da Administração do Guará no Comitê Gestor da Feira, criado para fiscalizar e garantir a representatividade, sequer apareceu na reunião. Silêncio institucional e cumplicidade marcam a condução do processo. O GDF, que deveria zelar pela lisura, patrocinou a fundação dessa nova entidade com apoio logístico e espaço público.
Legalidade questionada
De acordo com o §4º do Decreto nº 38.554/2017, em caso de existência de mais de uma entidade representativa, deve prevalecer a mais antiga em pleno funcionamento. A Ascofeg, fundada há décadas e com gestão reconhecida, continua sendo a única entidade legitimada para representar os feirantes da Feira do Guará.
“Podem criar 500 associações, mas por lei, quem deve gerir a Feira é a mais antiga. Mesmo com essa farsa institucionalizada, a Ascofeg segue sendo a entidade legalmente reconhecida”, afirma Valdinei Lima, presidente da Ascofeg.
A feira resiste, apesar do GDF
Enquanto isso, os problemas reais da Feira do Guará seguem ignorados: telhados que continuam a vazar, boxes sem manutenção, infraestrutura precária e um ambiente de insegurança jurídica crescente. Tudo isso sob a complacência de um governo que, ao invés de promover a unidade e o fortalecimento do espaço, alimenta divisões por conveniência política.
O que falou o presidente da Associação dos Feirantes da Feira do Guará (ASFEG) Alexandro Ferreira de Menezes
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