Na QI 05, mato cresce, luz apaga, brinquedo enferruja… e o governo se orgulha do silêncio. A praça pede socorro. Mas o governo parece estar ocupado demais aparando a grama dos próprios discursos.
Se depender da Administração do Guará, o novo conceito de urbanismo é claro: deixe crescer. Mato, negligência, insegurança, escuridão. Tudo isso regado à base de muita omissão e nenhuma política pública. É exatamente esse o cenário da Praça da QI 05, no Guará I — um espaço que deveria acolher famílias e crianças, mas que hoje se tornou símbolo de descaso, medo e invisibilidade.
A escuridão tomou conta. Com postes de iluminação inoperantes e a falta de manutenção crônica, a praça se tornou um ambiente evitado pelos próprios moradores, principalmente à noite. A sensação de insegurança é tamanha que famílias inteiras simplesmente deixaram de frequentar o local. O medo venceu.
Mas não para por aí. O mato que vai cobrindo o chão e sufoca bancos, brinquedos e canteiros também engole a memória da cidade. Um monumento instalado na praça, que deveria celebrar a história local, está completamente escondido entre plantas e galhos. Um retrato simbólico daquilo que a atual gestão faz com o passado e o presente do Guará: ignora, esconde, abafa. É como se até os símbolos da identidade comunitária tivessem sido silenciados pela vegetação — ou melhor, pela indiferença oficial.
O prefeito comunitário da QE/QI 5, Wanderson Ferreira, foi direto ao denunciar: “A praça deveria ser um local de lazer, encontro e bem-estar para famílias, crianças e idosos, mas está esquecida pelo poder público. O mato tomou conta, não há poda regular, a jardinagem foi completamente negligenciada, os brinquedos estão enferrujados, sem pintura e em más condições. A sensação que temos é de completo abandono.”
E no centro da decadência, ali, invisível no meio do mato, jaz um monumento que já não se sabe mais o que representa. Um marco apagado por folhas, galhos e pela completa negligência do poder público.
A quadra de esportes, que poderia ser ponto de encontro para jovens e prática saudável de atividades físicas, segue o mesmo destino: piso danificado, traves deterioradas, pintura apagada. Uma armadilha urbana disfarçada de equipamento público. O espaço, antes pensado para integrar e proteger, agora afasta e ameaça.
Moradores como Paulo Renato, nascido em Taguatinga, mas há décadas vivendo na QE 05, sentem o impacto direto do abandono: “A pracinha precisa de muitos reparos. Crianças e adolescentes correm risco no parquinho com mato alto. Já tropecei várias vezes na calçada da quadra. Quem faz a limpeza são os próprios moradores. A praça está largada.”
Onelice Lopes Sales, filha do pioneiro José Lopes, mais conhecido como Coronel, e moradora da mesma casa há 59 anos, não mede palavras: “Essa praça da QI 05 sempre foi um lixo. Parquinho quebrado, quadra toda rachada… Só não é mais suja porque um rapaz, provavelmente morador, varre e cata o lixo das folhas. É ele quem tenta manter alguma dignidade por aqui.”
A comunidade da QI 05 não pede luxo. Pede o básico: poda regular, jardinagem, pintura, iluminação, segurança, respeito. E, quem sabe, que os monumentos públicos voltem a ser vistos — e não engolidos pela vergonha.
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