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Apesar dos esforços do 4º BPM e da 4ª DP, furtos de fios continuam no Guará I, que sofre com abandono e insegurança

Na madrugada desta quarta-feira, 23 de abril, o comércio da QE 05 do Guará I, em frente aos conjuntos A e B, foi mais uma vez vítima do furto de cabos de energia e internet. O crime deixou parte da região sem luz e sem conexão, afetando diretamente comerciantes e moradores. O episódio escancara um problema que vai muito além da criminalidade: o abandono histórico da primeira quadra construída no Guará.

As QI/QE 05, que deveriam ser referências em estrutura e urbanização, hoje vive um cenário de descaso. Quadras poliesportivas estão em ruínas, praças abandonadas e várias ruas permanecem mal iluminadas, especialmente à noite, contribuindo para o aumento da sensação de insegurança. O mato alto, a falta de manutenção e a ausência de políticas públicas contínuas tornam a região vulnerável à criminalidade e à desvalorização.

Apesar dos esforços do 4º Batalhão da Polícia Militar e das ações investigativas da 4ª Delegacia de Polícia, os furtos de fios de cobre tornaram-se rotina. O material subtraído alimenta um mercado paralelo lucrativo e bem estruturado, com destino certo: os ferros-velhos da região. O mais conhecido deles, o Ferro-Velho do Vilmar, localizado na QE 40 do Guará II, foi recentemente flagrado com meia tonelada de fios furtados. Mesmo com o dono preso por homicídio, o negócio continuou operando sob o comando de familiares, mantendo sua posição como o maior receptador de metais furtados do DF.

Para os comerciantes da QE 05, os prejuízos vão além dos apagões: são produtos perdidos, equipamentos danificados, e o receio constante de novos ataques. A Neoenergia Brasília estima perdas de R$ 3 milhões por ano com esse tipo de crime em todo o DF — Guará está entre as regiões mais afetadas.

A polícia destaca que os furtos são praticados por diferentes perfis de criminosos: desde moradores de rua em busca de dinheiro para manter vícios, até ex-funcionários de empresas de manutenção, que conhecem bem as redes e agem disfarçados. Enquanto isso, os receptadores processam o cobre rapidamente, dificultando a investigação e rastreio.

A comunidade da QE 05 cobra mais do que ações policiais pontuais. Pede atenção integral do Governo do Distrito Federal (GDF) para a recuperação dos espaços públicos, melhoria da iluminação, reativação das áreas de esporte e lazer, e políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade social e a criminalidade.

"Não é só uma questão de segurança, é uma questão de dignidade. A primeira quadra do Guará está esquecida. Sem estrutura, sem atenção e agora sem fios. É como se estivéssemos apagados do mapa", desabafa um comerciante da região, que preferiu não se identificar.

Enquanto não houver um plano integrado que combata o crime, fortaleça o tecido social e valorize a história do Guará I, a população seguirá refém do descaso — e dos ladrões.



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