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Liga das Escolas de Samba Tradicionais de Brasília: "resistir para existir"

Com o lema resisitir para existir as escolas de samba Acadêmicos da Asa Norte, Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (ARUC) e Império do Guará preocupadas com o futuro do Carnaval de Brasília e empenhadas em construir um novo modelo que viabilize a retomada dos desfiles diante da grave crise financeira e sanitária por que passa o Distrito Federal, fundaram na última terca-feira de carnaval, 16 de fevereiro de 2021, na sede da Aruc, no Cruzeiro, a Liga das Escolas de Samba Tradicionais de Brasília (Liestra). 

Além da Acadêmicos da Asa Norte, Aruc e Império do Guará integrarão a Lietra as co-irmãs Bola Preta de Sobradinho, Capela Imperial de Taguatinga, Candangos do Bandeirantes, Águia Imperial de Ceilândia e a Mocidade Independente do Gama, totalizando assim 08 (oito) escolas de samba com mais de 30 anos de existência e que lideram o ranking do Carnaval de Brasília, com  base no desempenho nos desfiles oficiais realizados. 

As mais antigas entidades carnavalescas de Brasília, que juntas detêm 39 títulos de campeã do Carnaval no Grupo Especial, e 31 vice-campeonatos, nos 49 desfiles oficiais realizados, decidiram criar a nova Liga, a exemplo de dez das principais escolas de samba do Rio de Janeiro, que em 1984 criaram a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), após saírem da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro (AESCRJ) e juntas formarem aquela que é a maior entidade de organização de desfiles de escola de samba do mundo,. 

Acadêmicos da Asa Norte, ARUC e Império do Guará, que encabeçam a fundação da Liestra, consideram que a retomada gradual e segura dos desfiles, no atual cenário de dificuldades, agravado pela pandemia, deve ser coerente com a situação das escolas de samba de Brasília, que passam por grandes dificuldades financeira, estrutural e de desmobilização de suas comunidades, causada pela não realização dos desfiles nos últimos sete anos. Nesse cenário, defendem um desfile com redução no número de agremiações, com as oito já citadas de modo a oferecer um formato viável e econômico, e que permita ao Poder Público desempenhar sua obrigação constitucional de fomentar a cultura sem causar maiores impactos no orçamento.

A nova Liga entende que a União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do Distrito Federal (Uniesbe) caminha numa posição inversa, propondo desfiles com um número de entidades que não condiz com a realidade atual do Carnaval de Brasília, a exemplo de 2020 quando as escolas de samba tiveram suas expectativas frustradas em voltar a desfilar devido a um projeto não aprovado em Edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), levando-nos assim a as escolas a buscar seu próprio caminho.

"Seguiremos em caminhos diferentes por acreditamos que nosso compromisso é com o futuro. As Escolas de Samba da Distrito Federal não podem apenas contemplar o seu presente sem tentar mudá-lo, cair e não levantar. Manter os laços com as comunidades e compromisso com as nossas história não permite transferi-los a terceiros.  O futuro do Carnaval de Brasília começa a ser reescrito com a fundaçao da Liestra", ressaltou Hélio Tremendani.

Para o presidente da Aruc, Rafael, Fernandes a fundação da Liestra na terça-feira de carnaval, dia em que em tese estariam desfilando na passarela, foi um passo importante para o futuro das escolas de samba de Brasília. "Depois de 7 anos sem desfile a gente precisava realmente de um choque de gestão. Aí chamamos as escolas mais tradicionais, as mais antigas da cidade para formar uma nova Liga com um novo pensamento e retomar as negociações com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Nosso objetivo é voltar a desfilar como acontece desde o início da cidade e vamos juntos agora com esse novo ideal."

Segundo o presidente da Acadêmicos da Asa Norte, Jansen Melo, a condição para assumir a presidencia da Escola seria de modificar a Liga, já que nem no Rio de Janeiro tem uma entidade com 21 Escolas, inviabilizando assim o carnaval de Brasília. "A fundação da Liestra é motivo de muita alegria, estamos realizando o sonho de todos nós que gostamos de carnaval. Tem Escola de Samba aqui em Brasília que são pequenas, não tem condições de sobreviver, e essa Liga, com no máximo dez Escolas, é que vai dar vida ao Carnaval de Brasília. Não queremos acabar com nenhuma Escola estamos lutando para que não acabem com as nossas".

Já o presidente da Império do Guará, Edvaldo Lucas, acredita que com a fundação da Liestra o carnaval de Brasília voltará a ter a força que tinha antes, e conseguirão o tão esperado retorno do desfile de passarela, fazendo com que as grandes Escolas, e até mesmo as pequenas voltem a ter o amor pelo Carnaval. "Estamos muito largados tanto pela atual entidade representativa, quanto pelo governo do Distrito Federal. Precisamos de mudança e a mudança é agora. Nosso caminho é esse e que todos sejam felizes".   






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