Popularmente Brasília é chamada de “museu a céu aberto” devido a seus monumentos, arquitetura e das infinidades de museus que a cidade acolhe e que fazem parte do dia a dia de seus habitantes. Nesse sentido, o Clube e Museu do Disco de Vinil de Brasília, localizado na Chácara 46 da Colônia Agrícola Águas Claras, tem o intuito de se integrar a esse circuito, presenteando Brasília com mais um espaço para a preservação da memória e do legado da história da capital do país.
O acervo do museu conta com cerca 40 mil ítens entre LPs, compact discs, Fitas VHS e K7, CDs, DVDs, vídeo lasers, com obras nacionais e internacionais e muitas raridades, colecionados ao longo da vida da sua idealizadora, desde a mais tenra idade. Consta ainda om mobiliário antigo, que bem caracteriza o museu, assim como quadros raros de artistas e bandas, aparelhos de som, instrumentos musicais e outros objetos e decoração, ocupando cerca de oito cômodos de sua casa.
O Clube e Museu do Disco de Vinil de Brasília é um espaço dedicado a preservação, valorização, difusão e restauração de discos de vinil e de qualquer outro suporte que contenha a música e que se caracterizam como legado patrimonial material e imaterial da música em geral, além do mesmo cuidado com os aparelhos de som, instrumentos musicais, livros, revistas e partituras musicais.
De acordo com a idealizadora do Museu do Vinil, a bibliotecária Janete das Graças, o museu desde o início vem sendo carregado nas costas. Ele só aútosustentável no seu espaço residencial e é preciso que o governo disponha um local para que a população tenha acesso a esse grandioso acervo. “É um Museu do Guará e precisamos de um local para se instalar na cidade. Para esse acervo ser visitado passo quinze dias no mês esperando em casa para receber as visitas agendadas.”
Janete, desde criança, foi uma apaixonada pela música. Em Anápolis, sua cidade natal, no bar de seu pai, ouvia na eletrola os discos de vinil que ele passava para os cientes.Depois veio o rádio e ela só ouvia as músicas que tocava. Comerciais e noticiários eram deixados de lado ao se buscar uma nova estação, uma nova música. Veio para Brasília aos 12 anos de idade. Casou-se aos 17 anos e aprendeu com seu marido a colecionar LPs, entre eles “A volta do Boêmio” com Nelson Gonçalves. Foi mãe aos 18 anos e avó, aos 37, quando então retornou seus estudos de segundo grau, interrompidos com o casamento e criação de suas três filhas.
Formou-se em Biblioteconomia, pela UnB, aos 42 anos de idade. Em 1997, querendo tornar-se empresária, comprou a CD Shop Music, uma Locadora de CDs musicais que já fora uma grande empresa, mas que estava em decadência. Se encantou com a loja, na 108 norte, com seu mobiliário e acervo com cerca de 2.400 CD’s. Se empenhou com afinco na recuperação da loja e do acervo, deixando totalmente de lado a ideia de concurso público e focando em seu amor pela música. As colegas da Universidade foram passando nos concursos públicos e ela firme em sua loja musical.
Em 2003, viu em um noticiário local, uma reportagem dizendo que as pessoas estavam jogando discos de vinil (LP’s), no lixo. Ficou angustiada ao imaginar a perda da memória musical contidas naqueles discos jogados fora, por não ter um local próprio de descartá-los e não compensando vende-los, devido ao baixo preço pago pelas lojas e profissionais no ramo. Imediatamente mandou um E-mail para a redação do referido Jornal pedindo que publicassem um apelo para que a população não jogasse seu LP’s no lixo. Que A CD Shop Music os aceitava como pagamento nas locações de CDs. Que os buscaria no local, sem custo algum. Foi atendida prontamente pelo Jornal e dias depois começou a receber os LP’s da comunidade que se encantava com a iniciativa dela.
Já falava na época do sonho de criar em Brasília um local onde a comunidade pudesse ouvir o som do saudoso disco de vinil. Imediatamente foi procurada pela mídia e viu seu sonho ser divulgado nas TVs, Globo, Record e Brasília e também mídia impressa.
Em 2005, devido a euforia e facilidades de obtenção de músicas pela Internet, se viu obrigada a fechar a loja, transferindo-a para a sua residência, com todo o seu mobiliário e cerca de 15 mil CD’s, 5 mil LP’s e outros suportes musicais, como os DVD’s e Fitas VHS, mantendo tudo intacto até os dias atuais.
No início de 2011, montou então um Espaço Cultural, com tudo que sonhara, no Polo de Modas do Guará II. Na placa da loja, em um cantinho, o slogam de seu sonho: Clube e Museu do Disco de vinil de Brasília, nome que ela registrara desde 2008, no INPI.
Comentários
Postar um comentário
Os comentários não representam a opinião do "Folha do Guará". A responsabilidade é única e exclusiva dos autores das mensagens.
Não serão publicados comentários anônimos, favor identificar-se antes da mensagem com Nome+(cidade+UF).